Ao longo de dois dias, foram intensos e produtivos os debates durante o Encontro Arte, Cultura e Cidade, promovido pelo CIAAT com a consultoria do Galpão Cine Horto. Artistas e produtores culturais de diversas áreas entraram em contato com experiências e reflexões propostas por palestrantes de peso.
Na sexta-feira, o evento foi aberto pelo diretor executivo do CIAAT, Toninho Borges, que destacou a missão da instituição em fomentar o desenvolvimento no Vale do Rio Doce. Ele destacou a importância de se pensar a cultura de Governador Valadares, uma vez que esse setor representa uma força de desenvolvimento local.
Sexta-feira, 1º/9
A primeira palestra foi com o empreendedor cultural e ex-secretário de Cultura do Ceará, Paulo Feitosa. Diretor e fundador da Quintada Soluções Criativas, ele contou sobre o começo dele na área cultural, os caminhos que percorreu, e apresentou projetos mais recentes empreendidos por ele, como o Cine+, que constrói salas de cinema multifuncionais em cidades de até 250 mil habitantes.
No intervalo entre as palestras, a cantora Mari Mendes embalou o público com com sua voz doce e músicas no estilo MPB.
Em seguida, os presentes acompanharam as reflexões levantadas pela professora da Univale, a historiadora Patrícia Falco Genovez, que apontou como o território de Governador Valadares foi ocupado e como a elite dominante expulsa para as fronteiras aqueles que destoam. “Cabe refletir por que até hoje falamos em cultura e não em culturas”, provocou a pesquisadora.
Após a fala da professora, Toninho Borges pediu novamente a fala, afirmando que com a palestra da historiadora conseguiu “encaixar as peças” do porquê o setor cultural não é fomentado na cidade. Para ele os fazedores culturais precisam atuar no sentido de contracultura “para contar outras histórias, valorizar outras artes e outros grupos”.
A produtora cultural Letícia Firmato conduziu debate com o público que, mesmo com o avançado da hora, seguia firme e ativo nas reflexões. Devido ao horário ter se estendido além do previsto, o evento foi encerrado às 23h no primeiro dia.
Sábado, 2/9
O segundo dia começou com uma mesa de debate com artistas valadarenses que atuam também na produção cultural: o ator Ademir Martins; a coordenadora do Coletivo Deck, Fernanda Oliveira; a jornalista Flávia Oliveira e o músico Getúlio Foca. Cada um contou o início de suas trajetórias e as dificuldades pelo caminho, trazendo relatos que emocionaram o público.
Logo em seguida foi a vez de conhecer a história de Chico Pelúcio, diretor do Galpão Cine Horto, que compartilhou um pouco da experiência na gestão cultural, contando relatos de projetos bem sucedidos e de outros que não vingaram, mas trouxeram grandes ensinamentos. Parte desses conhecimentos foram sintetizados no livro “Reflexões sobre gestão e sustentabilidade de pequenos e médios espaços culturais”, lançado em 2022.
O intervalo foi novamente marcado por uma apresentação cultural. Foi a vez da Dora MC, do Coletivo Deck, animar os participantes, com letras fortes questionando injustiças sociais presentes na cidade e no país.
Com a energia lá em cima, a palestra seguinte mexeu com a mente e as emoções dos participantes. Thiago Alvim, cofundador da Nexo Investimento Social e da Startup Prosas, falou sobre as possibilidades de financiamento do setor, mostrando números do cenário no país, em Minas Gerais e em Valadares. Ele instigou os presentes a escreverem projetos e a baterem em todas as portas possíveis até que sejam atendidos.
Por fim, um novo debate aberto com o público foi mediado pela produtora cultural Dafny Bastet. Diversos artistas, estudiosos e produtores da área apresentaram propostas de futuros passos para o avanço da área cultural na cidade.